segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Mentor de Poliana


Poliana aplaudia extasiada a volta de Horário Eleitoral. Que mundo maravilhoso! Quanta cor e alegria. Tanto progresso e crescimento. Nunca antes na história desse país tudo foi tão cor de rosa. Graças, é claro, ao seu mestre e mentor: o Ilusionista.
O Ilusionista era mesmo soberbo. Capaz dos mais inimagináveis feitos. O homem que entrou para história pela ambigüidade de seu caráter e a dualidade de suas intenções. Único ser sobre a face da terra cuja mãe nascera analfabeta (e provavelmente desdentada). Conhecido em todo mundo pela solidez de sua figura e a sordidez de seus atos. Manipulador de opiniões e adestrador da opinião pública. Capaz de transformar fatos concretos e corrupção descarada em desvio ético e perseguição política.
Encantador de intelectuais e vendedor de ilusões. Sempre pronto a empunhar com alvoroço a bandeira da democracia ao mesmo tempo em que afaga ditadores sórdidos e defende a tirania. Idealizador do projeto de amordaçamento da imprensa e da liberdade de expressão. Ilustre combatente do imperialismo e imperador de déspotas e oligarcas.
Economista e mentor do projeto de inclusão de dólares em cuecas. O homem que gerou milhares de cargos públicos para os membros de seu clã. Que distribuiu com grande pompa esmolas aos pobres e mensalão aos aliados. Autor do inigualável Programa de Apoio a Companheirada (PAC), que aparelha e lubrifica a máquina pública gerando emprego e distribuindo renda a sua constelação de amigos. Cientista e pesquisador exímio, capaz de transformar álcool em etanol e sal em petróleo. Tudo com um breve aceno de Vontade Política, sua varinha de condão (igualzinha a que Poliana também ostenta com desenvoltura por aqui).
Engenheiro responsável pela transposição de dinheiro dos cofres públicos para contas privadas. Sociólogo hábil na proclamação de românticos ideais socialistas e na socialização da mediocridade e cretinização da intelectualidade.
O único ser capaz de transformar assaltante e terrorista em uma cândida e virginal criatura. Feita sob medida para jamais fazer sombra ao seu criador. A estrela capaz de levar adiante seu grandioso projeto de uma nação plenamente livre para concordar com as suas - dele e de seu clã - tramóias e falcatruas. Apta a perpetuar seu celestial plano de bestialização da nação e perpetuação da miséria, dividindo o pão com velhos e novos amigos e dando migalhas ao miseráveis e excluídos.
Poliana, deslumbrada, assiste a tudo com um misto de fascinação e inveja. “Ainda há muito a aprender”, pensa Poliana. O caminho é longo e o tempo é curto, precisaria se esforçar para atingir tamanho desprendimento e competência. Mas sempre fora aluna esforçada e com o apoio de seu guia conseguiria transformar seu reino em uma pequena e próspera ilha da fantasia.

2 comentários:

  1. Esse ilusinista é mesmo "o cara". Parece até alguém que conhecemos.

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  2. "Uma sociedade de carneiros, acaba por gerar um governo de lobos". Victor Hugo - Nada como a sabedoria de Victor Hugo, para definir o risco de manter os lobos no poder. Parabéns pela coragem de expor com humor uma critica sadia e bem humorada. Abraço.

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