terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Desilusão de Poliana



O peso da verdade atingiu Poliana como um raio. Agora, até os mais crédulos e otimistas de seus Bobos da corte, deram-se conta de que definitivamente curandeiros não brotam do chão como inço ou ervas daninhas, nem caem do céu como granizos. Não adiantou reza brava, nem mesmo sua boa estrela. Poliana até desenvolvera uma tendinite de tanto abanar Vontade Política, sua varinha de condão, e nada de chover curandeiros no reino. Até seus curandeiros aliados, que tantas brilhantes e românticas idéias lhe venderam, não demonstram nenhum esforço em auxiliá-la nesse período de estiagem. Esses eram ótimos em subir em palanques, agitar bandeirinhas e comer pão com lingüiça, mas na hora do trabalho árduo e duro, desaparecem como fumaça. Gostavam mesmo era de uma boa e turgida teta. Como as boas tetas já estavam ocupadas por bocas igualmente vorazes, deixaram Poliana na mão. Ou melhor, nas mãos cruéis e irônicas da perversa Imprensa Livre. E agora, o que fazer? Só resta à desiludida Poliana uma última e pueril esperança: esperar que o bom e velho Noel possa lhe presentear com alguns desses espécimes em extinção. Talvez, se Poliana espalhasse algumas luzes pelo reino a fim de guiar o Bom Velhinho em sua jornada, pudesse ser recompensada com alguns curandeiros embrulhados em celofane. Só lhe resta agora acreditar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.