quinta-feira, 23 de junho de 2011

Justiça destemperada


Bem vinda chuva que cai sobre o reino de Poliana. Com o aguaceiro que desaba por essas bandas seus súditos permaneceriam em suas casas repousando. Ninguém procuraria por vagas. Poliana não agüentava mais ouvir falar nas tais vagas azuis. Pensava em criar um processo democrático de inclusão em áreas azuis, para acomodar os críticos descontentes de seu reino. Pois não é que Justiça resolveu meter os bedelhos novamente em suas magnânimas idéias.
Poliana estava cada vez mais desiludida com Mundo Real. Que gente mais confusa e contraditória habita esse lugar. Ninguém, mesmo ela que sempre fora tão esperta, conseguia compreender as regras do jogo nesse estranho universo. Está certo que as jogatinas armadas por seus asseclas eram bastante complexas e de difícil entendimento, mas agora até Justiça resolvera tumultuar os seus já desgastados neurônios. Justiça parecia ser tão temperamental e irracional quanto a magnífica rainha. A cada dia, essa velha surda, cega, muda, e cada vez mais esclerosada, resolve mudar de opinião. Coisas de mulher! Seres incompreensíveis. Será que não há ninguém com um pouco de racionalidade e lógica que mantenha essa idosa caduca e incoerente em rédeas firmes. Quem dita as regras do jogo para Justiça afinal? Primeiro, essa patética personagem, acusa a pobre e inocente Poliana sem nenhum fundamento. Joga o nobre nome de sua alteza na lama da imoralidade para em seguida avalizar suas relações indecorosas por tempo indeterminado. Se Justiça soubesse como era sofrido à pobre e esforçada Poliana, fazer com que seu exército de bobos se movimentassem para consertar seus deslizes, teria um pouco mais de paciência com seu reinado democrático e participativo. Pois em uma das poucas vezes que seus apalermados bobos conseguiram vencer a inércia natural de suas personalidades e tomar uma decisão com rapidez e desenvoltura, Justiça coloca todo o surpreendente esforço água abaixo. Era desmotivador tanta injustiça.
Poliana esquecia que as leis que movem Justiça foram escritas por pilantras incorrigíveis e reincidentes, os mesmos idealizadores de mensalões e seus similares. Como poderia a pobre Justiça mostrar um pouco de retidão e coerência quando as engrenagens que lhe impulsionam foram desenvolvidas e aperfeiçoadas pelos engenheiros da impunidade e da falta de decoro. Claro que tudo permanecerá obscuro e nebuloso. Cumprindo o ritmo e os ritos determinados por uma assembléia de imorais inimputáveis, Justiça mostra a Povo Honesto sua pior face: de descaso e conivência. Os poderes que comandam este o curioso reino do Gigante Adormecido, estão todos sob o mesmo cabresto de corrupção e negociatas. Apesar dos transtornos, é reconfortável para Poliana saber que Justiça, no fim das contas, estará sempre ao lado dos mais fortes e abastados. Trata-se é claro de uma inovadora forma de seleção natural, pensa Poliana, a defensora dos excluídos. Com nosso clã a imperar absoluto no Congresso de Vendilhões, e Justiça a agonizar, lenta e lamentavelmente em praça pública, resta apenas Imprensa Livre a causar transtornos a Poliana e seus companheiros. Mas, muito em breve, essa também haveria de se render aos ideais do grande clã.

Um comentário:

  1. KATIA, SEMPRE ME DIZIAM QUE DE URNA, CABEÇA DE JUIZ E DA BARRIGA DE MULHER GRÁVIDA NUNCA SE SABE O QUE TEM DENTRO. UMA DELAS FOI RESOLVIDA, A MULHER GRÁVIDA É SÓ FAZER UMA ECOGRAFIA E PRONTO...MAS NO RESTO NINGUÉM O QUE ESPERAR !!!
    ABS MARCO GEIB

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