segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Herói de Poliana



Poliana avaliava entorpecida o estrago que o Agosto Negro fizera sob seus inestimáveis cartazzes. Tanto tempo e recursos públicos jogados ao vento dessa forma. O vendaval assombroso que assolara seu reino levara seus adorados outdoors. Corria a boca pequena de súditos ingratos, que desta vez até os Deuses se enfureceram com a coragem de Poliana em divulgar tantas tolices e mentiras em suas coloridas alegorias. Não bastasse a ira da natureza, Poliana ainda tinha de lidar com a tempestade em copo d’agua articulada por Oposição. Parecia um complô, todos contra os lucrativos cartazzes da popstar Poliana.
Apesar dos dissabores, Poliana acreditava ter conseguido sair com a imagem apenas discretamente maculada. Nada que novos e mais vistosos outdoors não conseguissem encobrir. Poliana ficava mesmo aliviada por poder contar com a incansável defesa de seu herói no parlamento, o companheiro Farofinha.
Farofinha desde tenra idade sempre fora o mestre da argumentação. Surpreendia todos com sua incrível capacidade de réplica.
- Tira o dedo do nariz, Farofinha! Não! Na boca, não. Que coisa mais nojenta filhinho! - educava sua zelosa mãe. Ao que o pequeno prontamente respondia: - O visinho também come ranho! Ele é maior do que eu, foi ele quem me ensinou.
Na catequese ao ser surpreendido surrupiando algumas moedas para comprar Babaloos e balas soft, argumentou muito senhor de si: - Outros meninos também pegaram! E eles cometeram o pecado da ganância. O meu pecado é menor do que o deles, pois era para um fim mais nobre: satisfazer minha gula.
Certa vez, ainda no primário, fora pego colando. Aí sim, revolucionou a escola com sua defesa: - Eu só colei por que os outros também colaram! Não fui eu quem inventou a cola, ora bolas! E a professora tem que ver que minha cola é diferente das outras. Eu fiz com a nobre intenção de aprender!
A professora achou engraçadinho o empertigado Farofinha, com ares de boneco Falcon, defendendo seu ato ilícito. Mas, Farofinha cometera um pequeno deslize, que a educadora não deixou passar em branco: - Seu interesse em aprender Farofinha é muito louvável. Mas mesmo assim terei de lhe dar zero, pois sua cola esta toda errada. Você precisa realmente aprender muito mais.
- Mas não é culpa minha, foram os outros que me passaram a cola errada! Não é justo!
Farofinha repetiu de ano. Aos seus pais esclareceu entre soluços, para fugir da surra de vara de marmelo: - Eu não tive culpa! Eu tentava ajudar meus pobres colegas com dificuldades de entendimento! Eu resumia a matéria, em letras bem pequenas, pra eles poderem estudar. Os outros colegas, invejosos com meu saber e solidariedade, levantaram falsos boatos de que aquilo que eu fazia era cola. A professora, que é uma reacionária, acreditou nos mentirosos e me reprovou! Só se importou com a forma e não soube dar o devido valor ao conteúdo do material. – Seus pais, comovidos com pranto e relato tão sinceros trocaram Farofinha de escola.
Assim nascia uma brilhante estrela do clã de Poliana, sempre pronto a defender o indefensável com a maior cara de injustiçado e perseguido. Capaz de convencer a si mesmo que os pecados seus e de seus amigos de tão bem intencionados beiravam as raias das virtudes. Sem jamais temer fazer papel ridículo em qualquer palanque ou tribuna, desde que fosse a serviço do grande clã. Com um herói assim tão disposto Poliana podia dormir tranqüila sem medo de tempestades.

4 comentários:

  1. Já que ninguem comentou esse textinho, vou me manifestar. Eu acho que a Kátia queria "dar" para o prefeito e ele não quis nem saber. Correu do bugio KKKKKK.
    Você envergonha a nossa classe médica.

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  2. Kátia - O médico/anônimo (se é que médico????) é um injuriador. Já pensou se escrevessem que ele queria dar... Por que boa gente não é... sai ofendendo e apelando para bagaceirice. Não sabe brincar, crítica é crítica, responda criticando ou defendendo... quando ofende é mal intencionado.... Muito calaveira. E não fale que é da classe médica, pega mal para os bons. Continue ... quem não deve nada a ninguém, anda e escreve de cabeça erguida... e não injuria os outros.

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