domingo, 24 de junho de 2012

Jogo de Vaidades







Os membros do seleto grupo analisavam cuidadosamente a enorme lista. Alguns, não acreditando no que estavam lendo, faziam caretas de descrédito. Outros tentavam conter o riso para não melindrar ainda mais os egos. Os mais antigos na vida boêmia e mundana das jogatinas tentavam manter o ar sério e compenetrado.  Oposição parecia enfim estar aprendendo a fazer o papel de adversário e opositor. Aprendera a brigar e disputar. Pelo menos entre eles. A esse robusto time só faltava entender em que lado do campo jogariam.

- Toalhas brancas aquecidas e lençóis de algodão egípcio, 300 fios. – anunciava um dos grupos com ar solene.
- Lenços umedecidos, hipoalérgicos, com fragância de lavanda e flores silvestres. – rebatia outro do outro lado.
- Papel higiênico neutro, folha tripla com extrato de Aloe Vera. – gritava um.
- Televisão LED,3D, 52 polegadas. – replicava outro continuando o pingue-pongue de imposições.
- Whisky escocês 12 anos.
- Banhos diários de Ofurô, a 37,5º com pétalas de rosas asiáticas e ervas aromáticas.
- Champanhe Freixenet em taças de cristal alemão.
- Bombons de amarula com chocolate...
- Pode para por aí! Bombons de amarula nem pensar! Isso é inegociável. Onde vocês estão com a cabeça querendo se igualar a Poliana? É inaceitável.
- É isso aí. E já chega dessa palhaçada! Quem vocês pensam que são para fazerem tantas exigências?
- E vocês acham que são quem? A Lady Gaga ou a Shakira? Nem as mega estrelas fazem tantos pedidos fúteis.
- Mega estrela é Poliana. Vocês são astros sem expressão, e pelo visto com muito pouca grandeza.
- Eu tenho anos de experiência sou eu quem escolhe o time!
- Você está aposentado. Vai escolher as suas pantufas e chambres, isso sim!
- Respeite a minha história. Sou eu que digo quem vai ser o capitão.
- Nós temos o fato novo! O capitão vai ser nosso e pronto.
- Esse fato não é um fato concreto, nós não aceitamos. Com esse não vamos.
- O fato é que nós temos mais visibilidade. Vocês são fato passado.

De fato, a controvérsia iria longe e não chegaria a lugar nenhum.Tão concentrado estava o pequeno grupo na discussão de alegorias e adereços, na sobreposição de egos e vaidades, que não se dava conta da audiência que se esvaziava. Para a torcida de nada adiantava um craque ou o grande técnico quando ainda faltava um time. E esta gente, ao que parecia, preferia abandonar a disputa só para não ter de treinar. Não entraria em campo para não sujar as chuteiras. Escolhia a comodidade do expectador sem compromisso aos imprevistos e surpresas da disputa e da batalha. Afinal era esse grupo superior ao jogo e ao campeonato. Maior e melhor que sua torcida. O negócio mesmo era esperar o próximo campeonato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.