quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Economista Poliana


Cortar, cortar, cortar! Canetear, canetear, canetear! Poliana já não agüentava tanta pressão. Estava ficando cada vez mais confusa. Confusas eram as desculpas que seus bobos precisavam arrumar para os cortes de Poliana. Até nossa desavergonhada rainha sentia certo constrangimento em assumir assim, publicamente, as dificuldades financeiras de seu espetaculoso reinado. Sorte de Poliana e sua vasta e dispendiosa corte, que Oposição voltara a hibernar. Tomara que Imprensa Livre resolva se fazer de desentendida só para variar. Seria vexatório para a rainha ser confrontada com alguns poucos flashes de Horário Eleitoral. Afinal, onde é que fora parar aquele reino empreendedor, transbordante de recursos que Poliana alardeara com tanta pompa em seus recentes desfiles alegóricos? De fato, o tal alinhamento estratégico foi, como quase todo grande feito da rainha, uma boa estratégia de marketing. Nada além disso. E todos aqueles vultuosos recursos que abarrotavam os cofres públicos em Horário Eleitoral, aqui em Mundo Real, devem ter saído pelo ladrão ou se esvaído em algum Polianoduto.
Agora Poliana precisava economizar. Lera dezenas de livros de economia, administração e até auto-ajuda. Assistira a todos os programas da Ana Maria Braga. Tudo levava a mesma desgraçada conclusão. Precisava começar cortando supérfluos. Coisas de pouca importância, que não fariam falta na engrenagem de seu reino e não causariam transtornos a vida de seus súditos e contribuintes. Se seguisse essa fórmula universal, Poliana só teria uma solução: teria de cortar seus adorados bobos da corte! Isso não poderia acontecer. Poliana bem sabia que eles ocupavam mais espaço no orçamento do reino do que nas suas quase sempre vazias repartições. Mas eram seus bobos de estimação, afinal. Faziam parte do PAC (Programa de Acomodação da Companheirada). Poliana não podia simplesmente largá-los assim, na rua da amargura, sem um carguinho para lhes aquecer. Teria de encontrar uma solução que não impactasse em suas alianças. Por isso cortaria coisinhas mais banais.  Diminuiria a oferta de alguns serviçinhos básicos de saúde, já que doente não reclama, e mandaria os serviçais da rainha mais cedo para casa. Com essas medidas economizaria muito no gasto de papel higiênico. Era impressionante a quantidade enorme de papel higiênico que essa gente toda gastava. Poliana tinha a convicção de que com essa drástica e sábia medida de contenção conseguiria equilibrar suas finanças. Não havia espaço para mais nenhuma grande cagada em seu reinado, disso Poliana tinha certeza. Por falar em papel, lembra-se Poliana satisfeita, precisava ordenar a seus marqueteiros reais que mandassem confeccionar e espalhar por todo reino, dezenas de seus bons e velhos cartazzes e banners. Poliana precisava mostrar ao seu povo o quanto era comprometida com o principio da economicidade. Seu zelo com a coisa pública e sua mão de ferro fechando as torneiras do desperdício seria o mote perfeito para seus novos informativos e comerciais de televisão. "Mal posso esperar para divulgar mais esse gloriosos feito de meu reinado de oportunidades. Graças a mim, recurso para publicidade e oportunismo nunca faltará nesse reino." - pensa Poliana com a calculadora em punho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Havendo dificuldades na postagem dos comentários, o campo URL poderá ser deixado em branco.