sábado, 15 de novembro de 2014

Onde uma mão lava a outra, várias mãos lavá-se a jato


Em Gigante Adormecido, as coisas, ao que pareciam, jamais seriam as mesmas. Enquanto o mercado financeiro dava mostras de impaciência e descrédito com os rumos da política econômica atual, nossa Rainha Mãe adiava a hora de anunciar um nome para dirigir a economia do reino. Contrariando os evidentes sinais de alerta do mercado, fora visitar a terra dos cangurus e coalas. Quem sabe traria um ornitorrinco para chefiar essa área vital, já que os jumentos que a cercavam pareciam quase tão empacados na economia quanto nossa matriarca.
E se o meio econômico estava inseguro, o meio político estava em polvorosa. Vários peixes graúdos haviam sido presos em processo de investigação de corrupção na maior Estatal de Gigante Adormecido. Tomara que peixes não tenham língua, torcem muitos agentes públicos, pouco entendidos em biologia, mas experts em trambicagem e colecionadores de propinas. Dos ductos dessa antiga potência do petróleo, vazava a cada dia, mais sujeira e imundice. À polícia cabia a difícil tarefa de identificar todas as mãos sujas de corrupção. Pelo ritmo em que andavam as investigações, faltariam algemas para tantas mãos. Aqueles que há poucas décadas bradavam contra a privatização dessa importante estatal petroleira, conseguiram, em uma só década, promover uma verdadeira piratização dos cofres da empresa. O petróleo já não é mais nosso. A conta das propinas e da corrupção continua sendo, é claro.
Os próximos dias e semanas, prometiam ser de inquietude e aflição para muita gente, incluindo nossos ilustres políticos. Os que nunca dormiam de touca, de agora em diante precisariam dormir vestidos. Com roupas confortáveis, e sem cintos ou cadarços (mocassins pareciam a escolha mais acertada pelas normas da polícia). Afinal, nenhum deles queria correr o risco de ser conduzido ao presídio, antes do amanhecer, vestindo apenas cuecas. A preocupação com o decoro é uma conhecida marca dessa gente. Cuecas! Ah, as cuecas! Que saudades dos tempos em que cuecas recheadas de propinas eram o escândalo maior a envergonhar essa Nação. Se não evoluímos na economia, evoluímos, e muito, na corrupção. Não haveriam cuecas suficientes no mundo que conseguissem albergar tanto dinheiro roubado nesse peculiar reino, de corruptos tão ousados e de um povo tão convenientemente servil. Que esperemos todos pelos próximos capítulos, não da novela - antigo ópio do povo - mas das páginas de política, onde quem reinava eram a polícia e os piratas vermelhos do dinheiro público.

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