segunda-feira, 1 de junho de 2015

A reforma das raposas


Um verdadeiro complô contra a Rainha Mãe. Uma rebelião de velhos caciques aliados, era o que parecia. Se as intenções não eram das mais éticas e transparentes, o fato é que o parlamento resolvera assumir o seu papel. Deixara, por hora, a postura de anos de submissão e subserviência a realeza. Resolvera legislar, finalmente! Afinal, era para isso que foram escolhidos por seu povo.
Reforma. Que benção seria uma boa e sólida reforma nesse reino caindo aos pedaços. Uma reforma política cairia como uma luva no lugar onde políticos tastaviavam de podres. O parlamento resolvera promover a tão sonhada reforma, afinal. Com uma rapidez desconhecida e estranhada pelos súditos, já que há anos a tal reforma era apresentada por todos os mandatários da vez como bandeira de mudanças. Estranhamente, quando no poder, esqueciam o tema em alguma bolorenta gaveta. Dessa vez seria diferente. Dessa vez sairia do chão. O povo aplaudia, incrédulo. Enfim, as coisas mudariam nesses reino, como prometido.
Mas, como milagres não costumam ocorrer por essas bandas, o povo estava iludido e demasiadamente esperançoso. A tal reforma política não seria, de fato, a alardeada mãe das reformas. Não passaria de um remendo. Um enjambre. Nada que pudesse repercutir verdadeiramente no sistema eleitoral, na vida ou escolha dos eleitores. O parlamento ensaiara, encenara, e apresentara um aperitivo. Tudo estava em seu lugar. Na hora de alterar as regras do jogo que lhes são vantajosas, eles, os parlamentares, deixam tudo como está. Melhor não arriscar e perder as mordomias. Também, seria excessivamente otimista esperar uma mudança tão drástica do parlamento. Mesmo que as coisas não saíssem exatamente como esperava o povo, congressistas mais independentes e livres do cabresto real, eram um sopro de vida novo nesse reino onde imperam as relações impróprias, e os interesses do povo passavam sempre a margem.
E novos e emocionantes episódios dessa inusitada luta eram prometidos para breve. O povo acompanharia cada capítulo com detida atenção. A rebelião de velhas raposas aliadas prometia dar muita dor de cabeça a Rainha Mãe e sua corte. Entre egos inflados e feridos, quem sabe, o povo pudesse vir a ter um parlamento de verdade, e não mais um puxadinho do palácio real. Aguardemos os próximos capítulos dessa saga.

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