domingo, 3 de abril de 2016

Naufrágio da imoralidade

Quando os ratos abandonam o barco é sinal que o naufrágio é eminente. E, em se tratando da rataiada em questão, eternamente presentes nos porões do poder, a situação era alarmante para nossa rainha, a essas alturas com a água batendo no pescoço. Para tentar se manter no poder, a Rainha Mãe e seu clã estrelado usam velhas e batidas táticas, as mesmas que em outros tempos condenavam: compravam apoio. Era o feirão dos desesperados. Milhares de carguinhos e milhões de recursos públicos eram oferecidos aos nanicos no balcão socialista da companheirada. Os peixes mais graúdos se vendiam por vultuosas somas.  Já os lambaris, aceitavam um pacote de mariolas e um par de Havaianas só para sofrerem uma indisposição intestinal no dia da votação. Afinal, nas atuais circunstâncias, era preciso coragem pra mostrar a cara em defesa de sua alteza.
           Mas, felizmente para Rainha Mãe, sempre haviam pessoas idôneas e bem intencionadas dispostas a empunhar a espada da ética em sua defesa. No abre alas, com seu collorido estandarte da moralidade, o velho caçador de marajás, outro pobre injustiçado vítima do golpe do impeachment. Criatura tão compreensiva e abnegada que sequer guardara rancor da patrulha vermelha da moralidade que, em outros tempos, lotaram as ruas pedindo sua coroada cabeça. Outro antigo desafeto da companheirada, que por anos gozara do título de maior corrupto de Gigante Adormecido, Paulo Salim, também se empenhava em defender a rainha. A essas alturas, tantos escândalos de corrupção depois, seu “rouba mas faz” tornara-se irrisório e sem importância. Não havia mágoa que não pudesse ser apagada por favores e propinas. Sorte da Rainha Mãe e sua militância estrelada contar com gente desse gabarito para defender seu irretocável projeto de poder.
           Mas, a magnânima e sua trupe estavam mesmo alarmados com a violência dos grupos populares contrários a seu reinado. Um pessoal agressivo e raivoso que ameaçava a ordem e a paz social. Uma gente golpista e que usava armas letais: e-mails, postagens em redes sociais, faixas, cartazes, passeatas e vaias!  Não bastasse a evidente intenção antidemocrática dessas criaturas, ainda idolatravam Justiça, aquela fedelha mal intencionada que perseguia corruptos e praticava maldades contra o povo. Uma temeridade terroristas deste porte ainda estarem a solta! E, contra o ódio e pela paz no reino, nossa soberana pacifista discursa, nas dependências do Palácio Real, para seu fiel grupo de estrelas, conclamando seu exército vermelho a resistir aos ataques dos terroristas antidemocráticos. “Nós não defendemos a violência, eles sim! Eles exercem a violência, nós não!” – brada a rainha para sua seleta plateia. Um grupo paz e amor que promete combater o ódio sangrento dos golpistas com invasões de terra, obstrução de estradas, incêndios, ocupação do Parlamento, de prédios públicos e propriedades privadas de parlamentares contrários. “Pela democracia e contra o golpe! Morte a Justiça! Cala boca Imprensa Livre!”, urravam os democráticos pacifistas, sob olhares embevecidos da soberana de Gigante Adormecido. A rainha que, mesmo desprezada por muitos, ainda era de todos, e pelo todo devia governar e prezar.
          As ratazanas, por anos aliadas da realeza, abandonaram o barco naufragante. É o que se espera dos ratos. A rainha agonizante, na iminência da decapitação, abdica do papel de rainha de todos, incentiva a reação irracional dos que se mantém ao seu lado, e joga povo contra povo. Seriam todos o seu povo, fosse sua alteza algo mais que um ser invertebrado.
          Caberá ao povo, imenso e pacífico povo de Gigante Adormecido, mostrar que é maior, muito maior e melhor, que os ratos e vermes que o governam. Ao invés de luta; debates, discordâncias e discussões civilizadas. Não haverá golpe. Prevalecerá a boa e velha democracia. Apesar de vocês: ratos e vermes.

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