quarta-feira, 22 de junho de 2016

As mentiras coloridas de Poliana


As coisas continuavam maravilhosas no reinado de Poliana. Pelo menos nos anúncios promocionais espalhados por todo reino. Os banners, outdoors e inserções na mídia, dão conta de um povo que esbanja saúde, felicidade e contentamento. O povo olha a tudo deslumbrado. Quisera um dia poder adentrar no colorido mundo das propagandas oficiais. Lá não faltavam remédios, exames ou leitos de UTI. Até o frio era mais acolhedor que no mundo real. Talvez houvesse emprego para o crescente número de trabalhadores desempregados, nesse midiático conto de fadas de Poliana e sua corte. Talvez não. De qualquer forma as coloridas gravuras enfeitavam o reino e desviavam a atenção das misérias reais e cotidianas. Sorte desse povo poder contar com uma rainha sempre disposta a plantar ilusões para colher votos. E esse era ano de colheita. Já era possível perceber as diferenças. Pois não é que os buracos no asfalto que por anos desesperaram os motoristas e contribuintes desapareciam a cada dia numa velocidade surpreendente. Vontade Política, a varinha de condão de Poliana, parece que enfim resolvera funcionar. Salvas a rainha!

 Vários bobos da corte retornaram à Câmara de vendilhões, em treino preparatório para a turnê a Horário Eleitoral que ocorreria em alguns meses. Mesmas caras, outras boquinhas. Mas os discursos na tribuna chegavam a ser cômicos. Ver a companheirada engatilhar a ladainha contra o golpe e a traição que vitimaram a Rainha Mãe de Gigante adormecido, a estrela impedida, ao mesmo tempo em que dividem como irmãos o poder com seus mais novos inimigos, era hilariante com pitadas de vergonha alheia. A total incapacidade dessa gente em manter um mínimo de coerência e vergonha merecia um estudo científico. Alguma proteína ou enzima responsável pelo senso de ridículo com certeza inexistia nesses corpos.

Já Poliana, esta sim, sabia como se portar em público. Nada de críticas ou o blá-blá-blá do golpismo. Nenhuma teoria conspiratória esdrúxula. Mantinha-se fiel a aliança que há anos lhe garantia o trono. Coroaria sua sucessora, tinha certeza. Apesar da companheirada! - bufa Poliana. Seus companheiros sabiam ser entediantes. Só Poliana conhecia os sapos vermelhos que tivera de engolir nesses anos todos. Poliana nunca fora uma estrela de raiz, mas era uma oportunista de primeira grandeza. Soubera surfar na boa onda vermelha e sugar da fruta até o caroço. Agora, quando a fruta virara uma passa, desidratada até as entranhas, nossa visionária rainha já se preparava para acampar em outro terreno, com pasto mais verdejante e promissor. Mas antes de abandonar em definitivo o barco naufragante, precisava garantir sua sucessão. Não era nada conveniente a nossa astuta monarca permitir que Oposição lhe tomasse o trono e tivesse acesso a todos os meandros desses anos de reinado. Oposição, a invejosa, se deliciaria mostrando que a realidade não era tão bonita e limpinha quanto mostram suas adoráveis e caras propagandas, pagas com dinheiro público. Já Oposição, continua a hibernar. Talvez venha acordar pouco antes dos jogos mundiais. Talvez não acorde jamais. O excesso de ego costuma deixar Oposição sonolenta.

Ao povo restam os sonhos, ilusões e, em breve, a tocha olímpica! Mais uma inutilidade midiática de Poliana, a rainha da ilusão de ótica. Que o fogo da tocha possa aquecer a todos aqueles desassistidos de políticas públicas, mas soterrados pelas mentiras coloridas do reinado de Poliana.

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